segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O crescimento verdadeiro da igreja



Como se mensura o crescimento de uma igreja? Pelos batismos? Pelas cartas de transferências? Pelo aumento do patrimônio? Pelo volume das contribuições? Bem, se os números são os critérios adotados, certamente esses itens demonstram o crescimento. Todavia, igreja não é empresa, para se olhar apenas os números e crescimento numérico as vezes serve apenas como um disfarce em muitas comunidades evangélicas, para ocultar graves problemas que impedem o verdadeiro crescimento.


A igreja sempre cresceu e deve crescer numericamente, não sou contra isso, "Deus sempre acrescentou aqueles que iam sendo salvos", conforme vemos no livro de Atos,  e na verdade ver uma igreja cheia de crentes, cheia de regenerados é uma grande bênção. O problema, é que a geração de líderes de hoje idolatra tanto os números, que muitos em busca de "crescimento" estão pervertendo a mensagem do Evangelho para torna-lá popular e convidativa, e como resultado temos templos cheios, mas de pessoas egoístas que não creem no verdadeiro Evangelho, mas numa religião que lhes concede prazeres materiais, e mera satisfação carnal. Gente que na superficialidade desse falso cristianismo está atrás de frivolidades, posições eminentes, cargos, festinhas, prosperidades e milagres, e que não quer nada de arrependimento, confissão de pecado ou satisfação em simplesmente servir a Cristo. Precisamos entender o que é crescimento saudável de uma igreja para então avaliar se determinada igreja está realmente crescendo.


Deus faz sua igreja crescer. Um planta, outro rega, mas do Senhor vem o crescimento verdadeiro, tenhamos isto em mente.


Saibamos que o crescimento de uma igreja se mede primeiramente pelo seu comprometimento com as Escrituras. Esta foi a primeira característica da igreja primitiva, "e perseveravam na doutrina dos apóstolos" (At. 2:42). Vejamos que dia após dia, eles insistiam em manterem-se firmados nos ensinos dos apóstolos, estes, por sua vez mantinham-se firmados nas palavras de Jesus e na Escritura vétero-testamentária , sem invencionices ou tolas estratagemas para fazer a igreja crescer, pois eles criam que é Deus quem faria sua obra avançar. Vemos que a primeira evidência de crescimento de uma igreja é a fidelidade doutrinária.


"Em cada alma havia temor". Aquela igreja do primeiro século tinha temor a Deus, pois diariamente via os sinais poderosos que Ele executava por meio dos apóstolos, isso os impactava de tal forma que em cada alma havia profundo temor. Hoje, porém, não vemos isso na maioria dos templos evangélicos que estão cheios de gente irreverente e insolente, que transformaram a casa de Deus em verdadeiras casas de tolerância. Isso mesmo, tudo se tornou tolerável, permitido, desde danças extravagantes, fantasias, manifestações estranhas a igreja apostólica, a toda sorte de bagunça e irreverência, tudo feito em nome de Deus e para que a igreja cresça. Uma grande blasfêmia na verdade. Com isso, vemos que o crescimento verdadeiro da igreja, tem como uma das suas características, o temor e reverência de cada pessoa diante do Senhor.

O egoísmo e o hedonismo são as principais marcas da geração pós-moderna. Vale tudo na busca do prazer e da felicidade, e parece-me que esse tipo de pensamento também tem sorrateiramente adentrado pelas portas de muitas igrejas, pois seus membros estão cada vez mais individualistas e preocupados com si mesmos a ponto de não enxergarem as necessidades do outro. O apóstolo Paulo ensina aos Gálatas que precisamos fazer o bem a todos, "principalmente aos domésticos na fé" (Gl 6:10), Jesus deixou claro que seríamos conhecidos como seus verdadeiros discípulos, se tivéssemos amor uns pelos outros (Jo 13:35) e a igreja primitiva assimilava muito bem estes princípios. Diz o texto te Atos 2, no verso 45, que aqueles irmãos"vendiam as suas propriedades e bens distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade", Joh Stott comenta em seu livro que:"Aqueles cristãos primitivos amavam-se uns aos outros, o que não é de admirar, isso porque o primeiro fruto do Espírito é o amor. Em particular eles se importavam com os irmãos pobres e compartilhavam seus bens com eles. Esse princípio do compartilhamento voluntário cristão, é sem dúvida, permanente." ( A Igreja Autêntica, pg. 26). Generosidade, e atenção aos mais pobres, são sem dúvida nobres sinais de uma igreja que cresce verdadeiramente.

"E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo.". Por fim, outro sinal de genuíno crescimento é a comunhão, a unidade no culto e o relacionamento entre os irmãos fundamentado no amor. Ora, do que adianta uma igreja cheia de pessoas que não possuem laços de amizade e fraternidade? Ou pior, cheia de pessoas que brigam por qualquer coisa, por cargos, por destaques e por outras vãs ambições ou ciúmes? A primeira igreja perseverava também "na comunhão, no partir do pão e nas orações". Aquela igreja era unida, seus fiéis perseveram unanimemente, isso não quer dizer ausência de divergências, mas sim que a fé evangélica estava acima de qualquer diferença ou divergência de opinião. Acima de tudo, estava a alegria de poderem juntos servirem a Cristo, tanto no templo, como nas casas. Eis aí outro maravilhoso sinal de crescimento; comunhão plena, amor fraternal, alegria e constância no culto público, mas também no ajuntamento informal. 

Portanto, a maneira correta de saber se uma igreja está crescendo vai muito além dos números. Sabemos se a igreja está crescendo verdadeiramente, quando ela solenemente  se submete a Palavra e exalta suas doutrinas como verdadeiro tesouro. Sabemos quando uma igreja está crescendo quando as pessoas reconhecem o contraste entre a grandeza de Deus e a pequenez de vossas almas, e, por isso se portam cheias de temor, tremor e reverência diante d'Aquele que é Santo. Sabemos quando uma igreja está crescendo, quando há uma constante preocupação em repartir, em ajudar os mais pobres, em ajudar a quem precisa, em ser generosa. Sabemos quando uma igreja está crescendo, quando esta, é unida e tem a causa do reino em primeiro lugar, quando o trato entre os irmãos é pautado pelo amor, respeito e profundo zelo e amizade. Saibamos por isso, que quando uma igreja tem tais características,Deus em sua soberana e graciosa vontade, salva pecadores remidos e os enxerta na videira, fazendo assim, sua igreja crescer também numericamente de forma saudável.



sábado, 6 de dezembro de 2014

A Ceia do Senhor e o juízo de Deus.

1 Coríntios: 11. 28-32

"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem. Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo."

Amanhã é domingo, e sendo primeiro domingo de dezembro em nuitas igrejas será celebra a última Ceia do Senhor em 2014.  Por isso o texto a seguir para nossa meditação.

Muitos quando leêm a primeira carta de Paulo aos Coríntios enxergam uma igreja problemática, e de fato, naquela igreja existiam muitos problemas: divisões, tolerância para com o pecado e imoralidades, visão equivocada acerca dos dons do Espírito e de seu uso na igreja, uma liturgia fora do padrão desejado por Deus, irreverência na celebração da Ceia do Senhor e por aí vai. Contudo, é bom entender que a igreja de Corinto, assim como, as Sete igrejas da Ásia, e todas demais igrejas citadas no Novo Testamento, nos servem de arquétipos, exemplos positivos ou não para a igreja de hoje.

Quando Paulo ensina aos irmãos corintios sobre como a Ceia deveria ser celebrada, ele pela direção do Espírito, também aproveitou para alertá-los acerca do perigo que correm aqueles que tomam parte na Mesa, porém, indignamente ou sem o discernimento correto deste importante memorial cristão.

Paulo ensina que tais pessoas estão trazendo sobre suas vidas juízo da parte de Deus, e tal juízo é manifestado pela presença de pessoas "fracas e doentes e muitas que dormem".

Se pararmos para analisar muitas das nossas igrejas de hoje, constataremos muitos crentes fracos, doentes  e que estão dormindo, estes sinais caracterizam pessoas ou congregações inteiras que estão num estado de paralisia espiritual, infrutíferos, irrelevantes e alienados da presença de Deus. Tais pessoas ou igrejas estão sendo julgadas por Deus, pelo fato de em algum momento terem tomado da Mesa do Senhor, indignamente, sem a devida compreeensão e principalmente por não fazerem uma autoavaliação sincera comparando suas ações, práticas e convicções com as Santas Escrituras.

Os irmãos de Corinto estavam comendo e bebebdo a Ceia indignamente e sem a exata compreensão sobre o que de fato representava aquele momento. A mesma situação ocorre atualmente. Embora  ninguém se embreague ou coma desordenadamente, ainda assim, muitos estão comendo e bebendo indignamente quando não reconhecem, confessam e abandonam seus pecados, sendo humildes e contritos, antes preferem manter a hipocrisia das falsas aparências de santidade e retidão, mesmo a consciência lhes acusando de invejas, contendas e outros dolos contidos no coração. Outros comem e bebem a Ceia sem discernimento, quando não entendem biblicamente a realidade e a profundidade da graça soberana de Deus na salvação, antes implicitamente ou até mesmo abertamente associam a salvação com algum próprio mérito, resultante de seus esforços, obediência ou obras.

Muitas pessoas e igrejas inteiras estão sob julgamento e ficaram paralisadas espiritualmente pelo fato de não fazerem uma autocrítica sincera. Quando deveriam refletir humilhando-se sob a potente mão de Deus, persistem em andar na obstinação e dureza de seus corações enganando-se a si mesmos acreditando estarem fazendo a coisa certa.

"Se julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados".

Deus julga seu povo e isso é bom, prova seu interesse por nós, pois do contrário seríamos condenados com o mundo; porém o juízo de Deus é duro, doi e pode nos causar sofrimento, afinal de contas: "Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo". (HB 10:31).

Que não sejamos tolos de comungar a Ceia indignamente ou sem o correto discernimento da obra graciosa e redentora de Cristo, antes que examine-mo-nos diligentemente e alcancemos graças do Senhor para sermos frutíferos, relevantes e vividamente atuantes nele pela fé e em amor.

Soli Deo Gloria.

PT - Uma estrela cadente

Dando uma rápida olha na minha modesta biblioteca, achei um livro publicado em 2005, do colunista do jornal Gazeta do Povo e da revista ...