Texto
base: Apocalipse 20:11 – 15 e Romanos 3:9:18
Que
visão gloriosa, esta que João teve. Ele viu o “grande trono branco”, expressão que
denota toda a santidade, poder, glória e majestade de Deus. João viu o dia do
julgamento. O dia do juízo final, o dia em que todos os inquéritos serão lidos
e processados. O dia em todos os crimes serão relembrados e julgados com
justiça. Os crimes mais escandalosos, mas também aqueles pecadinhos mais
ocultos, os nossos segredos mais perversos, aqueles que estão trancados nos
porões da nossa alma todos eles serão revelados. Todos serão julgados pelo
Justo Juiz.
Em
Romanos 3:9 o texto apresenta uma conclusão terrível – “TODOS ESTÃO DEBAIXO DO
PECADO”. Tanto faz se é judeu ou grego, preto ou branco, rico ou pobre, homem
ou mulher, jovem ou velho, todos estão debaixo do pecado e são culpados diante
de Deus.
Agora
pensemos juntos. Se todos são pecadores e culpados diante de Deus, seria possível
alguém com os mais perversos pecados passar pelo tribunal mais poderoso e justo
do universo e mesmo com todas as provas e evidências de seus atos maus, serem
declarados inocentes? Se Deus é justo e não deixará os pecados impunes, qual a
nossa esperança? Como então obter absolvição? Salvação? A resposta teológica é:
através da justificação.
Segundo
J.I.Packer, em seu livro, “Teologia Concisa”, “A justificação é um ato judicial
de Deus, perdoando pecadores, aceitando-os como justos e, assim, tornando-os
permanentemente aceitos em seu antes alheio relacionamento com ele.”.
Mas
como isso é possível? Como pode haver perdão de pecados, se Deus é santo e
justo e é vingador do pecado, que se ira todos os dias (Salmos 7:11), e julgará
naquele grande dia, todos os grandes e pequenos sem distinção? A outra resposta
teológica para isso é o amor e graça de Deus, através obra de Cristo.
Será
que temos ideia do que significa a obra de Cristo? Sabemos o que realmente
significou a morte sangrenta da cruz? Pensamos que Jesus morreu como um
revolucionário que não teve sucesso em sua revolução? Acreditamos que a morte
de Jesus significou apenas a injustiça cometida por um povo atrasado e sem
coração? Ou realmente entendemos que o sangue derramado foi um ato de amor e ao
mesmo tempo de justiça de um Deus Santo e Gracioso?
Entendamos
que a morte de Jesus foi um sacrifício de caráter substitutivo, remidor e expiatório.
Mas para entendermos isto, é preciso voltar ao Velho Testamento.
Ainda
no Éden, logo após a queda, Deus já mencionou parte do que havia planejado para
redimir o homem caído e remover sua vergonha – “E
fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.” - Gênesis
3:21 . Algum ser foi sacrificado para cobrir a vergonha dos primeiros
pecadores. Ainda em Gênesis 22 quando Deus prova Abraão e lhe pede Isaque em
sacrifício, na “h”, quando ele iria descer o cutelo no pescoço do jovem Deus
proveu um cordeiro substitutivo.
Na historio
do êxodo do Egito, quando Deus livra o povo das mãos de Faraó Ele entrega a
Moisés a Lei, nela Deus estabelece um conjunto de rituais que envolvia a morte
de animais para expiar o pecado do povo. Em Levítico 17:11 diz: “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo
tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o
sangue que fará expiação pela alma.” Ainda em Hebreu também vemos: “E
quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem
derramamento de sangue não há remissão.”
Remissão
é perdão, clemência. Expiação é sofrer a consequência. Teologicamente, conforme
J.I.Packer escreve “expiação significa fazer reparação (...) apagar a ofensa e
dar satisfação pelo erro praticado, portanto, significa reconciliar consigo
mesmo aquele que está alienado e restaurar o relacionamento rompido”.
Mas o
sacrifício de animais era ineficaz, não era perfeito, tinha que ser
constantemente repetido e repetido, e repetido...
Por
isso Jesus morreu sacrificialmente, pois ele é o Cordeiro pascal expiatório, perfeito,
sua morte eficaz valeu de uma vez por todas! Louvado Seja Deus! O sangue de Jesus é poderoso para remir os
pecados para sempre!
Ele
morreu na cruz como expiação pelo nosso pecado, isto é, sofreu a culpa por nós
como bem profetizou Isaías 53:4-11:
“Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das
nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor
fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha
muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e
quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes;
pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os
ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve
engano na sua boca. Todavia,
ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom
prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua
alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo,
justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.”
“O
Justo justificará a muitos”...
No
dia do juízo final, os livros serão abertos e conforme João viu em sua visão na
ilha de Patmos, nestes livros estão os registros de todos nossos atos, cada
pensamento mau, cada mentira que dissemos e todos os crimes de foro íntimo,
aqueles que ninguém sabe, serão expostos por Deus “pois ele julgará os segredos
dos homens”, todos os nossos atos serão julgados e como somos pecadores e a
recompensa pelo pecado é morte, estejamos certos do que o que merecemos
justamente é a morte, e não há nenhum argumento nosso que poderá reverter esta
sentença a não ser a obra expiatória de Cristo.
O
justo Jesus justificará todo aquele que nele crer, todo aquele que não mais está
debaixo do pecado, mas sim coberto pelo seu sangue remidor!
“Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao
qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo
e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos
3:24-26).
Para ilustrar e concluir esta breve explanação
sobre a doutrina da justificação segue o relato de um sonho real contado no
Livro “Cave Mais Fundo”de Joshua Harris, pela Fiel Editora:
“Sonhei que estava numa sala cheia de fichários
que continham cartões de registros. Era como os fichários que as bibliotecas usavam
no passado. Quando abria um fichário, descobria que tinha cartões que
descreviam pensamentos e ações da minha vida. A sala era um sistema de registro
antigo de tudo de bom ou mau, que eu já fizera. Quando examinei os cartões que
estavam sob o título “amigos que traí”, “mentiras que contei” e “pensamentos
lascivos”, fiquei dominado por culpa. Momentos esquecidos a muito tempo nos
quais pratiquei atos errados, eram descritos em detalhes alarmantes. Cada
cartão estava escrito com minha própria letra e tinha minha assinatura.
Infelizmente, meus atos errados superavam as minhas boas realizações. Tentei
destruir um cartão, desesperado para apagar a memória o que tinha feito. Mas o
passado não podia ser mudado. Podia somente chorar diante de meu fracasso e
vergonha. Então Jesus entrou na sala. Ele tomou os cartões, um por um e começou
a assinar neles o seu nome. Seu nome cobria o meu e estava escrito com seu sangue.
Quando despertei do sonho, fiquei bastante emocionado. Nunca havia sido tão
consciente de minha culpa diante de Deus e, ao mesmo tempo, da realidade de meu
perdão da parte de Deus. O sonho me ajudou a ver que meu fracasso e pecado eram
piores que do que eu pensava. Todavia, incrivelmente, a graça e o amor de Deus
para comigo em Jesus, eram também muito mais poderosos do que eu jamais
imaginara. Na cruz, Jesus tomou o meu lugar. Levou sobre si mesmo todos os meus
pecados. As incríveis implicações da morte do Filho de Deus em meu lugar, por
meus pecados, inundaram minha alma como jamais o fizera.”
Que Deus nos abençoe...