Não estava muito interessado em falar sobre o assunto, mas acabei embarcando na onda, uma vez que aqui no Rio, não se fala em outra coisa. Muita gente ainda ecoa comentários dos mais variados sobre a visita do novo líder do Vaticano durante a JMJ 2013.
Confesso que me espantei com o engajamento dos peregrinos. Pessoas de todas as partes do planeta circulando pela capital carioca e até pelas cidades periféricas do Rio, enfrentando, o frio e as péssimas condições de transporte da cidade, tudo pela fé que professam, admito que eu como protestante, fiquei com um quê de vergonha, pois, não vejo o mesmo envolvimento de alguns irmãos em nossas comunidades.
Outro aspecto que chamou minha atenção foi a aparente humildade do religioso, que desprezou toda a pompa e a ostentação características do cargo, preferindo vir num vôo comercial, andar em carro simples, quebrar protocolos de segurança e gostar da proximidade com o povo, tudo isto em contraste com alguns que se apresentam como líderes evangélicos e gostam dos títulos, andam de jatinhos, amam ostentar relógios caros, adoram hierarquização e etc.
Contudo, o que me chamou bastante à atenção é o que estava por trás desta visita. Ora é sabido que o Catolicismo Romano tem perdido fiéis em todo o mundo, aliás, a própria escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, um jesuíta, de inclinação carismática e muito voltado para o social, foi pensando exatamente em estancar esta perda de adeptos principalmente nas Américas, onde o protestantismo cresce bastante, principalmente entre as seitas neo-pentecostais, então algo precisava ser feito.
Além do mais, nesse momento onde o mundo está ainda passando por uma grave crise econômica, e grita por mudanças em diversos setores da sociedade, uma liderança carismática, progressista e até mesmo um pouco liberal, veio com a função de reverter o quadro da Igreja. Por isso, o que vimos nestes últimos dias não me surpreendeu nenhum um pouco, aconteceu tudo o que estava no script do Vaticano. O Papa falou a mensagem que o Vaticano quis dar para o mundo, de que o Catolicismo está disposto a quebrar paradigmas, rever posições e fazer concessões, para ser mais popular. E o resultado foi imediato, de repente muitos católicos tiveram suas emoções incendiadas e uma paixão aflorou em seus corações, e boa parte da mídia, movimentos sociais e até outras religiões olham com simpatia a nova postura da Igreja.
Ora, não duvido das "boas" intenções de Francisco, um homem aparentemente disposto a melhorar a imagem do Vaticano, dos católicos, e principalmente do clero, que nos últimos anos, ficou marcado por escândalos sexuais e até mesmo por graves casos de corrupção em órgãos internos. Mas ainda assim, me reservo ao direito de fazer algumas ponderações.
O Catolicismo romano continuará sendo o mesmo. Seus dogmas, credos e orientações não irão mudar. Francisco não vai reformar o Vaticano, ele não será um Lutero do século XXI. Isto significa que as mesmas práticas estranhas à Bíblia, como o desprezo a Jesus como único e suficiente salvador e único mediador entre Deus e os homens e, portanto único e perfeito Sumo Sacerdote e Pontífice, a idolatria a imagens e o culto a Maria, a errada doutrina da salvação pelas boas obras, o que resulta na heresia do universalismo, o ecumenismo, a distribuição de indulgências, a aberração da infalibilidade do Papa, o celibato e tantos outros equívocos teológicos continuarão fazendo parte da fé católica.
Por isso olho com muita estranheza e preocupação os elogios que alguns crentes que se dizem protestantes fizeram ao Bispo de Roma e a Igreja. De uma hora para outra, parece que esquecemos ou ignoramos o porquê da Reforma Protestante, o que foi a Inquisição Espanhola, o que foi o cruel massacre na noite de São Bartolomeu, na França, esquecemos quem foi Lutero, Knox e tantos outros que foram perseguidos e perderam suas vidas por denunciarem os graves desvios de uma igreja que se perdeu por causa da política e das riquezas terrenas e assim corrompeu e tem corrompido o Evangelho de Cristo.
Soli Deo Gloria.